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O desprendimento que prego, depois de olhar para o nosso Modelo, é espírito senhoril; não clamorosa e chamativa pobretice, máscara da preguiça e do desleixo. Deves vestir-te de acordo com o tom da tua condição, do teu ambiente, da tua família, do teu trabalho…, como os teus colegas, mas por Deus, com a preocupação de oferecer uma imagem autêntica e atrativa da verdadeira vida cristã. Com naturalidade, sem extravagâncias. Assevero-vos que é melhor que pequeis por excesso que por defeito. Como é que tu imaginas o porte de Nosso Senhor? Não pensaste na dignidade com que vestia aquela túnica inconsútil, tecida provavelmente pelas mãos de Santa Maria? Não te lembras de como se lamenta, na casa de Simão, por não lhe terem oferecido água para se lavar, antes de sentar-se à mesa? Certamente Ele trouxe a lume essa falta de urbanidade para realçar, com esse episódio, o ensinamento de que o amor se manifesta nos detalhes pequenos, mas procura também deixar claro que se atém aos costumes sociais do ambiente. Portanto, tu e eu devemos esforçar-nos por estar desapegados dos bens e dos confortos da terra, mas sem destoar nem fazer coisas estranhas.

Para mim, uma das manifestações de que nos sentimos senhores do mundo, administradores fiéis de Deus, é cuidar das coisas que usamos, com interesse em que se conservem, em que durem, em que brilhem, em que sirvam o maior tempo possível para a sua finalidade, de maneira que não se deitem a perder. Nos Centros do Opus Dei, haveis de encontrar uma decoração simples, acolhedora e sobretudo limpa, porque não se deve confundir uma casa pobre com o mau gosto nem com a sujeira. No entanto, compreendo que tu, de acordo com as tuas possibilidades e com as tuas obrigações sociais, familiares, possuas objetos de valor e cuides deles, com espírito de mortificação, de desprendimento.

Referências da Sagrada Escritura
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