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Pode-se dizer que Nosso Senhor, em face da missão recebida do Pai, vive o dia de hoje, tal e como aconselhava num dos ensinamentos mais sugestivos que saíram da sua boca divina: Não andeis inquietos com o que comereis para alimentar a vossa vida, nem com o que usareis para vestir o vosso corpo.A vida vale mais que o alimento, e o corpo mais que o vestido. Considerai os corvos, que não semeiam, nem ceifam, nem têm despensa, nem celeiro; e no entanto, Deus os sustenta. Quanto mais valeis vós do que eles! Considerai como crescem os lírios: não trabalham nem fiam; e, contudo, digo-vos que nem Salomão, com toda a sua magnificência, se vestia como um deles. Se, pois, a erva, que hoje cresce no campo e amanhã se lança ao fogo, Deus a veste assim, quanto mais não fará convosco, homens de pouquíssima fé?

Se vivêssemos mais confiantes na Providência divina, seguros - com fé enérgica! - desta proteção diária que nunca nos falta, quantas preocupações ou inquietações não pouparíamos! Desapareceriam tantos desassossegos que, na frase de Jesus, são próprios dos pagãos, dos homens mundanos, das pessoas desprovidas de sentido sobrenatural! Quereria, em confidência de amigo, de sacerdote, de pai, trazer-vos à memória em cada circunstância que nós, pela misericórdia de Deus, somos filhos desse Pai Nosso, todo-poderoso, que está nos céus e ao mesmo tempo na intimidade do nosso coração. Quereria gravar a fogo na vossa mente que temos todos os motivos para caminhar com otimismo por esta terra, com a alma bem desprendida dessas coisas que parecem imprescindíveis, já que o vosso Pai sabe muito bem de que coisas necessitais!, e Ele proverá. Acreditai que só assim nos conduziremos como senhores da Criação e evitaremos a triste escravidão em que caem tantos e tantos, por esquecerem a sua condição de filhos de Deus, inquietos com um amanhã ou com um depois que talvez nem sequer cheguem a ver.

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