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Poderia continuar a apontar-te uma multidão de detalhes - citei-te apenas os que me vinham à cabeça - que podes aproveitar ao longo do dia para te aproximares mais e mais de Deus, mais e mais do teu próximo. Se te mencionei esses exemplos, insisto, não é porque eu despreze as grandes penitências; pelo contrário, demonstram-se santas e boas, e até necessárias, quando o Senhor nos chama por esse caminho, contando sempre com a aprovação de quem dirige a tua alma. Mas já te aviso que as grandes penitências são compatíveis com as quedas aparatosas, provocadas pela soberba.

Em contrapartida, se alimentamos um desejo contínuo de agradar a Deus nas pequenas batalhas pessoais - como sorrir quando não se tem vontade; eu vos garanto, além disso, que em certas ocasiões custa mais um sorriso do que uma hora de cilício -, é difícil dar pasto ao orgulho, à ridícula ingenuidade de nos considerarmos heróis notáveis; ver-nos-emos como um menino que mal consegue oferecer a seu pai ninharias - ninharias que, no entanto, são recebidas com imenso júbilo.

Portanto, um cristão tem que ser sempre mortificado? Sim, mas por amor. Porque este tesouro da nossa vocação nós o trazemos em vasos de barro, para que se reconheça que a grandeza do poder é de Deus e não nossa. Vemo-nos acossados por toda a sorte de tribulações, mas nem por isso perdemos o ânimo; encontramo-nos em grandes apuros, mas nem por isso desesperamos; somos perseguidos, mas não nos sentimos abandonados; abatidos, mas não inteiramente perdidos. Trazemos sempre no nosso corpo por toda a parte a mortificação de Jesus, a fim de que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos.

Referências da Sagrada Escritura
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