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Misturado entre a multidão, um daqueles peritos que já não conseguiam discernir os ensinamentos revelados a Moisés, porque eles mesmos os haviam emaranhado numa estéril casuística, fez uma pergunta ao Senhor. Jesus abre os seus lábios divinos para responder a esse doutor da Lei e diz-lhe pausadamente, com a segura persuasão de quem fala por experiência: Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento. Este é o primeiro e o maior mandamento. O segundo é semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. A estes dois mandamentos se reduz toda a Lei e os profetas.

Reparai agora no Mestre reunido com os seus discípulos, na intimidade do Cenáculo. Aproxima-se o momento da sua Paixão, e o Coração de Cristo, rodeado daqueles a quem ama, estala em labaredas inefáveis: Dou-vos um mandamento novo, confia-lhes: que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei; e que, como eu vos amei, assim também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.

Para nos aproximarmos do Senhor através das páginas do Santo Evangelho, recomendo sempre que nos esforcemos por meter-nos de tal modo na cena, que dela participemos como um personagem mais. Sei de tantas almas normais e comuns que o fazem! Assim chegaremos a ensimesmar-nos, como Maria de Betânia, que permanecia pendente das palavras de Jesus; ou nos atreveremos, como Marta, a manifestar-lhe sinceramente as nossas inquietações, até as mais insignificantes.

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