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Há 3 pontos em "Amigos de Deus", cuja matéria seja Entendimento.

A nossa Santa Mãe a Igreja pronunciou-se sempre pela liberdade e rejeitou todos os fatalismos, antigos e menos antigos. Esclareceu que cada alma é dona do seu destino, para bem ou para mal: E os que não se afastaram do bem irão para a vida eterna; os que praticaram o mal, para o fogo eterno. Sempre nos impressiona esta terrível capacidade que possuímos tu e eu - que todos possuímos -, e que revela ao mesmo tempo o sinal da nossa nobreza. A tal ponto o pecado é um mal voluntário, que de modo algum seria pecado se não tivesse o seu princípio na vontade. Esta afirmação goza de tal evidência que nela estão de acordo os poucos sábios e os muitos ignorantes que habitam o mundo.

Volto a levantar o coração em ação de graças ao meu Deus, ao meu Senhor, porque nada o impedia de nos ter criado impecáveis, com um impulso irresistível para o bem, mas considerou queseriam melhores os seus servidoresse livremente o servissem. Como é grande o amor, a misericórdia do nosso Pai! Em face da evidência das suas loucuras divinas pelos seus filhos, quereria ter mil bocas, mil corações mais, que me permitissem viver num contínuo louvor a Deus Pai, a Deus Filho, a Deus Espírito Santo.

Pensemos que o Todo-Poderoso, Aquele que governa o Universo através da sua Providência, não deseja servos forçados, prefere filhos livres. Introduziu na alma de cada um de nós - embora tenhamos nascido proni ad peccatum, inclinados ao pecado, devido à queda dos nossos primeiros pais - uma centelha da sua inteligência infinita, a atração pelo que é bom, uma ânsia de paz perdurável. E faz-nos compreender que a verdade, a felicidade e a liberdade se alcançam quando procuramos que germine em nós essa semente de vida eterna.

Fortes e pacientes: serenos. Mas não com a serenidade daquele que compra a sua tranqüilidade à custa de se desinteressar dos seus irmãos ou da grande tarefa - que a todos cumpre - de difundir sem medida o bem por todo o mundo. Serenos, porque sempre há perdão, porque tudo tem remédio, menos a morte, e, para os filhos de Deus, a morte é vida. Serenos, até mesmo para podermos atuar com inteligência: quem conserva a calma está em condições de pensar, de estudar os prós e os contras, de examinar judiciosamente os resultados das ações previstas. E depois, sossegadamente, pode intervir com decisão.

Não é prudente quem nunca se engana, mas quem sabe retificar os seus erros. Esse é prudente porque prefere não acertar vinte vezes a deixar-se levar por um cômodo abstencionismo. Não atua com tresloucada precipitação ou com absurda temeridade, mas assume o risco das suas decisões e não renuncia a conseguir o bem por medo de não acertar. Na nossa vida, encontramos colegas ponderados, que são objetivos, que não se deixam apaixonar, inclinando a balança para o lado que mais lhes convém. Dessas pessoas, quase instintivamente, nós nos fiamos, porque procedem sempre bem, com retidão, sem presunção e sem espalhafato.

Esta virtude cordial é indispensável ao cristão. Mas as últimas metas da prudência não são a concórdia social ou a tranqüilidade de não provocar fricções. O motivo fundamental é o cumprimento da Vontade de Deus, que nos quer simples, mas não pueris; amigos da verdade, mas nunca estouvados ou superficiais. O coração prudente possuirá a ciência. E essa ciência é a do amor de Deus, o saber definitivo, aquele que nos pode salvar, oferecendo a todas as criaturas frutos de paz e de compreensão e, a cada alma, a vida eterna.