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Há 2 pontos em "Amigos de Deus", cuja matéria seja Proselitismo cristão .

Quando meditamos naquelas palavras de Nosso Senhor: Eu me santifico a mim mesmo por amor deles, para que eles também sejam santificados na verdade, compreendemos claramente o nosso único fim: a santificação, ou melhor, que devemos ser santos para santificar. Ao mesmo tempo, talvez nos assalte, como uma sutil tentação, o pensamento de que somos muito poucos os que estamos decididos a corresponder a esse convite divino, além de que nos vemos como instrumentos de muito pouca categoria. É verdade, somos muito poucos, em comparação com o resto da humanidade, e pessoalmente não valemos nada. Mas a afirmação do Mestre ressoa com autoridade: o cristão é luz, sal, fermento do mundo, e um pouco de levedura faz fermentar toda a massa. Precisamente por isso, sempre preguei que nos interessam todas as almas - de cem, cem -, sem discriminações de gênero algum, na certeza de que Jesus Cristo a todos nos redimiu, e quer empregar uns poucos, apesar da sua nulidade pessoal, para que dêem a conhecer esta salvação.

Um discípulo de Cristo jamais tratará mal pessoa alguma; ao erro chama erro, mas, a quem está errado, deve corrigi-lo com afeto; senão, não poderá ajudá-lo, não poderá santificá-lo. Temos que conviver, temos que compreender, temos que desculpar, temos que ser fraternos; e, como aconselhava São João da Cruz, em todo o momento é preciso pôr amor onde não há amor, para tirar amor, mesmo nessas circunstâncias aparentemente intranscendentes que o trabalho profissional e as relações familiares e sociais nos oferecem. Portanto, tu e eu aproveitaremos até as oportunidades mais banais que se nos apresentem para nos santificarmos e para santificar os que conosco partilham dos mesmos anseios cotidianos, sentindo na nossa vida o peso doce e sugestivo da corredenção.

Os outros discípulos foram com a barca porque não estavam distantes de terra senão duzentos côvados, e tiraram a rede cheia de peixes. Põem imediatamente a pesca aos pés do Senhor, porque a pesca é dEle. Para que aprendamos que as almas são de Deus, que ninguém nesta terra pode avocar a si essa propriedade; que o apostolado da Igreja - a notícia e a realidade da salvação - não se baseia no prestígio desta ou daquela pessoa, mas na graça divina.

Jesus Cristo interroga Pedro três vezes, como se lhe quisesse dar a repetida oportunidade de reparar a sua tripla negação. Pedro já aprendeu, escarmentado à custa da sua própria miséria: consciente da sua debilidade, está profundamente convencido de que sobejam os seus alardes temerários. Por isso coloca tudo nas mãos de Cristo: Senhor, tu sabes que eu te amo… Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo. E que responde Cristo? Apascenta os meus cordeiros; apascenta as minhas ovelhas. Não as tuas, não as vossas; as minhas! Porque foi Ele que criou o homem, Ele que o redimiu, Ele que comprou cada alma, uma a uma, ao preço - repito - do seu Sangue.

Quando os donatistas, no século V, lançavam os seus ataques contra os católicos, sustentavam a impossibilidade de que o bispo de Hipona, Agostinho, professasse a verdade, porque tinha sido um grande pecador. E Santo Agostinho sugeria aos seus irmãos na fé como haviam de replicar: Agostinho é bispo na Igreja Católica. Ele leva a sua carga, de que há de prestar contas a Deus. Conheci-o entre os bons. Se é mau, ele o sabe; se é bom, nem por isso deposito nele a minha esperança. Porque a primeira coisa que aprendi na Igreja Católica foi a não pôr a minha esperança num homem.

Não fazemos o nosso apostolado. Então, como havemos de dizer? Fazemos - porque Deus o quer, porque assim no-lo mandou: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho - o apostolado de Cristo. Os erros são nossos; os frutos, do Senhor.

Referências da Sagrada Escritura