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Há 2 pontos em "Amigos de Deus", cuja matéria seja Coração → sabedoria do coração.

O sábio de coração será chamado prudente, lê-se no livro dos Provérbios. Não entenderíamos a prudência se a concebêssemos como pusilanimidade e falta de audácia. A prudência manifesta-se no hábito que predispõe a atuar bem: a clarificar o fim e a procurar os meios mais convenientes para alcançá-lo.

Mas a prudência não é um valor supremo. Temos de perguntar-nos sempre a nós mesmos: prudência, para quê? Porque existe uma falsa prudência - que devemos chamar antes de astúcia -, que está a serviço do egoísmo, que se serve dos recursos mais adequados para atingir fins tortuosos. Usar então de muita perspicácia não leva senão a agravar a má disposição e a merecer a censura que Santo Agostinho formulava ao pregar ao povo: Pretendes desviar o coração de Deus, que é sempre reto, para que se acomode à perversidade do teu? Essa é a falsa prudência daquele que pensa que as suas próprias forças são mais que suficientes para ser justo aos seus olhos. Não vos queirais tera vós mesmos por prudentes, diz São Paulo, porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e reprovarei a prudência dos prudentes.

Esta sabedoria de coração, esta prudência, nunca se converterá na prudência da carne a que se refere São Paulo, ou seja, a daqueles que têm inteligência, mas procuram não utilizá-la para descobrir e amar o Senhor. Verdadeira prudência é a que permanece atenta às insinuações de Deus e, nessa vigilante escuta, recebe na alma promessas e realidades de salvação: Eu te glorifico, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e prudentes e as revelaste aos pequeninos.

Sabedoria de coração que orienta e governa muitas outras virtudes. Pela prudência, o homem é audaz, sem insensatez. Não evita, por ocultas razões de comodismo, o esforço necessário para viver plenamente segundo os desígnios de Deus. A temperança do prudente não é insensibilidade nem misantropia: a sua justiça não é dureza; a sua paciência não é servilismo.

Referências da Sagrada Escritura