Lista de pontos
Soberba? - Por quê?… Dentro de pouco tempo - anos, dias -, serás um monte de podridão hedionda: vermes, humores fétidos, trapos sujos da mortalha…, e ninguém na terra se lembrará de ti.
Se és apóstolo, a morte será para ti uma boa amiga que te facilita o caminho.
Já viste, numa tarde triste de outono, caírem as folhas mortas? Assim caem todos os dias as almas na eternidade. Um dia, a folha caída serás tu.
Não tens ouvido com que tom de tristeza se lamentam os mundanos de que “cada dia que passa é morrer um pouco”?
Pois eu te digo: - Alegra-te, alma de apóstolo, porque cada dia que passa te aproxima da Vida.
Aos “outros”, a morte os paralisa e assusta. A nós, a morte - a Vida - dá-nos coragem e impulso.
Para eles, é o fim; para nós, o princípio.
Não tenhas medo da morte. - Aceita-a desde agora, generosamente…, quando Deus quiser…, como Deus quiser…, onde Deus quiser.
- Não duvides; virá no tempo, no lugar e do modo que mais convier…, enviada por teu Pai-Deus. - Bem-vinda seja a nossa irmã, a morte!
Que peça do mundo se desengonçará se eu faltar, se morrer?
Vês como se desfaz materialmente, em humores pestilentos, o cadáver da pessoa amada?
- Pois isso é um corpo formoso! - Contempla-o e tira conclusões.
Aqueles quadros de Valdés Leal*, com tantos “restos” ilustres - bispos, cavaleiros - em viva podridão, parece-me impossível que não te impressionem.
Mas… e o gemido do duque de Gandia*: “Não mais servir a senhor que me possa morrer”?
(*) N do T: Pintor espanhol do séc. XVII, famoso pelos seus quadros sobre a morte (N. do T.).
(**) N do T: Futuro São Francisco de Borja (N. do T.).
Falas-me em morrer “heroicamente”. - Não achas que é mais “heróico” morrer despercebido, numa boa cama, como um burguês…, mas de mal de Amor?
Tu - se és apóstolo - não hás de morrer. - Mudarás de casa, e é só.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/book-subject/camino/28600/ (09/05/2024)