Lista de pontos
O "non serviam" de Satanás tem sido demasiado fecundo. - Não sentes o impulso generoso de dizer cada dia, com vontade de oração e de obras, um "serviam" - eu Te servirei, eu Te serei fiel! - que vença em fecundidade aquele clamor de rebeldia?
Certo. E daí? - Não entendo como te podes retrair desse trabalho de almas (se não é por oculta soberba: julgas-te perfeito), só porque o fogo de Deus que te atraiu, além da luz e do calor que te entusiasmam, lança às vezes a fumaça da fraqueza dos instrumentos.
És pó sujo e caído. - Ainda que o sopro do Espírito Santo te levante sobre todas as coisas da terra e te faça brilhar como ouro, ao refletires nas alturas, com a tua miséria, os raios soberanos do Sol da Justiça, não esqueças a pobreza da tua condição.
Um instante de soberba te faria voltar ao chão, e deixarias de ser luz para ser lodo.
Tu?… Soberba? - De quê?
Soberba? - Por quê?… Dentro de pouco tempo - anos, dias -, serás um monte de podridão hedionda: vermes, humores fétidos, trapos sujos da mortalha…, e ninguém na terra se lembrará de ti.
Foi por soberba: já te ias julgando capaz de tudo, tu sozinho. - O Senhor te largou por um instante, e caíste de cabeça. - Sê humilde, e o seu apoio extraordinário não te há de faltar.
Vejo-te, cavalheiro cristão (dizes que o és), beijando uma imagem, mascando entre dentes uma oração vocal, clamando contra os que atacam a Igreja de Deus…, e até freqüentando os Santos Sacramentos.
Mas não te vejo fazer um sacrifício, nem prescindir de certas conversas… mundanas (podia, com razão, aplicar-lhes outro qualificativo), nem ser generoso com os inferiores… - nem com a Igreja de Cristo! -, nem suportar uma fraqueza do teu irmão, nem abater a tua soberba pelo bem comum, nem desfazer-te do teu forte invólucro de egoísmo, nem… tantas coisas mais!
Vejo-te… Não te vejo… - E tu… dizes que és um cavalheiro cristão? - Que pobre conceito fazes de Cristo!
"Deo omnis gloria". - Para Deus toda a glória. - É uma confissão categórica do nosso nada. Ele, Jesus, é tudo. Nós, sem Ele, nada valemos: nada.
A nossa vanglória seria isso precisamente: glória vã. Seria um roubo sacrílego. O “eu” não deve aparecer em parte nenhuma.
“Sem Mim nada podeis fazer”, disse o Senhor. - E disse-o para que tu e eu não consideremos como nossos, êxitos que são dEle. - "Sine me nihil!…"
Como te atreves a empregar essa centelha do entendimento divino, que é a tua razão, em outra coisa que não seja dar glória ao teu Senhor?
Se a vida não tivesse por fim dar glória a Deus, seria desprezível; mais ainda, detestável.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/book-subject/camino/28699/ (05/05/2024)