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Há 2 pontos em "É Cristo que passa", cuja matéria seja Otimismo → otimismo e esperança.

A festa da Ascensão do Senhor sugere-nos também outra realidade: esse Cristo que nos anima a empreender esta tarefa no mundo espera-nos no céu. Por outras palavras: a vida na terra, que nós amamos, não é a realidade definitiva; pois não temos aqui cidade permanente, mas andamos em busca da futura cidade imutável.

Cuidemos, porém, de não interpretar a Palavra de Deus dentro dos limites de horizontes estreitos. O Senhor não nos incita a ser infelizes enquanto caminhamos, esperando a consolação apenas no mais além. Deus nos quer felizes também aqui, se bem que anelando pelo cumprimento definitivo dessa outra felicidade, que só Ele pode consumar plenamente.

Nesta terra, a contemplação das realidades sobrenaturais, a ação da graça em nossas almas, o amor ao próximo como fruto saboroso do amor a Deus, representam já uma antecipação do céu, uma incoação destinada a crescer de dia para dia. Nós, os cristãos, não suportamos uma vida dupla: mantemos uma unidade de vida, simples e forte, em que se fundamentam e se compenetram todas as nossas ações.

Cristo espera-nos. Vivemos já como cidadãos do céu ,sendo plenamente cidadãos da terra, no meio das dificuldades, das injustiças, das incompreensões, mas também no meio da alegria e da serenidade que nos dá saber-nos filhos amados de Deus. Perseveremos no serviço do nosso Deus, e veremos como aumenta em número e em santidade este exército cristão de paz, este povo de co-redenção. Sejamos almas contemplativas, absorvidas num diálogo constante com Deus, procurando a intimidade com o Senhor a toda a hora: desde o primeiro pensamento do dia até o último da noite; pondo continuamente o nosso coração em Jesus Cristo, Nosso Senhor; achegando-nos a Ele por Nossa Mãe, Santa Maria, e por Ele, ao Pai e ao Espírito Santo.

E se, apesar de tudo, a subida de Jesus aos céus nos deixar na alma um travo de tristeza, acudamos à sua Mãe, como fizeram os Apóstolos: Tornaram então a Jerusalém… e oravam unanimemente… com Maria, a Mãe de Jesus.

Voltemos ao tema que a Igreja nos propõe: Maria subiu aos céus em corpo e alma, os anjos se alvoroçam! Penso também no júbilo de São José, seu castíssimo Esposo, que a esperava no Paraíso. Mas tornemos à terra. A fé nos confirma que aqui em baixo, na vida presente, estamos em tempo de peregrinação, de viagem; não faltarão os sacrifícios, a dor, as privações. Não obstante, a alegria há de ser sempre o contraponto do caminho.

Servi o Senhor com alegria : não há outro modo de servi-lo. Deus ama a quem dá com alegria , a quem se dá por inteiro, num sacrifício prazeroso, porque não há motivo algum que justifique o desconsolo.

Talvez achemos excessivo este otimismo, porque todos os homens conhecem as suas insuficiências e os seus fracassos, experimentam o sofrimento, o cansaço, a ingratidão, talvez o ódio. Nós, os cristãos, se somos iguais aos outros, como podemos estar livres destas constantes da condição humana?

Seria ingênuo negar a reiterada presença da dor e do desanimo, da tristeza e da solidão, durante o nosso peregrinar por esta terra. Pela fé, aprendemos com segurança que tudo isso não é produto do acaso e que o destino da criatura não é caminhar para a aniquilação dos seus desejos de felicidade. A fé nos ensina que tudo tem um sentido divino, porque se insere no âmago do chamado que nos leva à casa do Pai. A compreensão sobrenatural da existência terrena do cristão não simplifica a complexidade humana; mas assevera ao homem que essa complexidade pode estar atravessada pelo nervo do amor de Deus, pelo cabo, forte e indestrutível, que une a vida na terra à vida definitiva na Pátria.

A festa da Assunção de Nossa Senhora propõe-nos a realidade desta feliz esperança. Somos ainda peregrinos, mas a nossa Mãe precedeu-nos e indica-nos já o termo do caminho: repete-nos que é possível lá chegar, e que lá chegaremos, se formos fiéis. Pois a Santíssima Virgem não é apenas nosso exemplo: é auxílio dos cristãos. E ante a nossa súplica - Monstra te esse Matrem , mostra que és Mãe -, não sabe nem quer negar-se a cuidar de seus filhos com solicitude maternal.