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Jamais poderemos entender até o fim essa liberdade de Jesus Cristo, imensa - infinita - como o seu amor. Mas o tesouro preciosíssimo do seu generoso holocausto deve levar-nos a pensar: Por que me deixaste, Senhor, este privilégio, que me torna capaz de seguir os teus passos, mas também de te ofender?

Chegamos assim a calibrar o reto uso da liberdade, se a encaminhamos para o bem; e a sua errônea orientação quando, com essa faculdade, o homem se esquece e se afasta do Amor dos amores. A liberdade pessoal - que defendo e defenderei sempre com todas as minhas forças - leva-me a perguntar com convicta segurança e também com a consciência da minha própria fraqueza: Que esperas de mim, Senhor, para que eu voluntariamente o cumpra?

Responde-nos o próprio Cristo: Veritas liberabit vos, a verdade vos fará livres. Que verdade é essa, que inicia e consuma em toda a nossa vida o caminho da liberdade? Eu vo-la resumirei, com a alegria e com a certeza que procedem da relação entre Deus e as suas criaturas: saber que saímos das mãos de Deus, que somos objeto da predileção da Trindade Beatíssima, que somos filhos de tão grande Pai.

Eu peço ao meu Senhor que nos decidamos a tomar consciência disso, a saboreá-lo dia a dia. Assim nos conduziremos como pessoas livres. Não o esqueçamos: aquele que não se sabe filho de Deus desconhece a sua verdade mais íntima e, na sua atuação, não possui o domínio e o senhorio próprios dos que amam o Senhor acima de todas as coisas.

Convencei-vos de que, para ganhar o céu, temos que empenhar-nos em consegui-lo livremente, com uma decisão plena, constante e voluntária. Mas a liberdade não se basta a si mesma: precisa de um norte, de um roteiro. Não é possível que a alma caminhe sem ninguém que a governe. E para isso foi redimida, de modo que tenha por Rei Cristo, cujo jugo é suave e cuja carga é leve (Mt XI, 30), e não o diabo, cujo reino é pesado.

Temos de repelir o equívoco dos que se conformam com uma triste gritaria: Liberdade! liberdade! Muitas vezes, nesse mesmo clamor se esconde uma trágica servidão, porque a opção que prefere o erro não liberta; só Cristo é que liberta, porque só Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Referências da Sagrada Escritura
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