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Na parábola dos convidados ao banquete, o pai de família, depois de saber que alguns dos que deviam comparecer à festa se desculparam com razões sem razão, ordena ao criado: Vai pelos caminhos e cercados e força a vir - compelle intrare - os que encontrares. Isto não é coação? Não é usar de violência contra a legítima liberdade de cada consciência?

Se meditarmos o Evangelho e ponderarmos os ensinamentos de Jesus, não confundiremos essas ordens com a coação. Vejamos de que modo Cristo insinua sempre: Se queres ser perfeito…, se alguém quiser vir após mim… Esse compelle intrare - obriga-os a entrar - não significa violência física ou moral; reflete o ímpeto do exemplo cristão, que por sua vez manifesta na sua atuação a força de Deus: Vede como o Pai atrai: deleita ensinando, não impondo a necessidade. É assim que atrai para si.

Quando se respira esse ambiente de liberdade, compreende-se claramente que entregar-se ao mal não é uma libertação, mas uma escravidão. Aquele que peca contra Deus conserva o livre arbítrio quanto à liberdade de coação, mas perdeu-o quanto à liberdade de culpa. Revela talvez que se comportou de acordo com as suas preferências, mas não conseguirá pronunciar a voz da verdadeira liberdade, porque se fez escravo daquilo por que se decidiu, e decidiu-se pelo pior, pela ausência de Deus, e nisso não há liberdade.

Referências da Sagrada Escritura
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