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E, com os Reis Magos, oferecemos também mirra, o sacrifício que não deve faltar na vida cristã. A mirra traz-nos à lembrança a paixão do Senhor: na Cruz, dão-lhe a beber mirra misturada com vinho , e com mirra ungiram seu corpo para a sepultura. Mas não pensemos que a reflexão sobre a necessidade do sacrifício e da mortificação significa introduzir uma nota de tristeza na festa alegre que hoje celebramos.

Mortificação não é pessimismo nem espírito acre. A mortificação nada vale sem a caridade: por isso devemos procurar mortificações que, além de nos fazerem passar pelas coisas da terra com domínio, não mortifiquem os que vivem ao nosso lado. O cristão não pode ser nem um verdugo nem um miserável; é um homem que sabe amar com obras, que prova o seu amor na pedra de toque da dor.

Mas devo dizer outra vez que, em geral, essa mortificação não consistirá em grandes renúncias, que aliás não são freqüentes. Há de compor-se de pequenas vitórias: sorrir para quem nos aborrece, negar ao corpo o capricho de uns bens supérfluos, acostumar-se a escutar os outros, fazer render o tempo que Deus põe à nossa disposição… E tantos outros detalhes, aparentemente insignificantes - contrariedades, dificuldades, dissabores - que surgem ao longo do dia sem que os procuremos.

Referências da Sagrada Escritura
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