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O trabalho profissional é também apostolado, ocasião de entrega aos outros homens, o momento de lhes revelar Cristo e levá-los a Deus Pai; é conseqüência da caridade que o Espírito Santo derrama nas almas. Entre as indicações que São Paulo dá aos Efésios, sobre o modo como se deve manifestar a mudança que neles operou a conversão, a sua chamada ao cristianismo, encontramos esta: Aquele que furtava não furte mais, mas trabalhe, ocupando-se com suas mãos em qualquer coisa honesta, a fim de ter com que ajudar a quem esteja em necessidade. Os homens têm necessidade do pão da terra para sustentar as suas vidas, e também do pão do céu para iluminar e dar calor aos seus corações. Com o nosso próprio trabalho, com as iniciativas que possamos promover a partir das nossas ocupações, nas nossas conversas, no convívio com os outros, podemos e devemos concretizar esse preceito apostólico.

Se trabalhamos com esse espírito, a nossa vida, no meio das limitações próprias da condição terrena, será uma antecipação da glória do céu, dessa comunidade com Deus e com os santos, onde reinam somente o amor, a entrega, a fidelidade, a amizade, a alegria. Na ocupação profissional diária e comum encontraremos a matéria - real, consistente, valiosa - para realizarmos toda a vida cristã, para atualizarmos a graça que nos vem de Cristo.

Nessa tarefa profissional, exercida de olhos postos em Deus, entrarão em jogo a fé, a esperança e a caridade. As vicissitudes, as relações e os problemas próprios do trabalho alimentarão a nossa oração. O esforço necessário para levar a cabo as tarefas diárias será ocasião de vivermos essa Cruz que é essencial a todo o cristão. A experiência da nossa fraqueza, os malogros que existem sempre em qualquer esforço humano, dar-nos-ão mais realismo, mais humildade, mais compreensão com os outros. Os êxitos e as alegrias convidar-nos-ão a dar graças e a pensar que não vivemos para nós mesmos, mas para o serviço dos outros e de Deus.

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