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Desde há muito tempo gosto de recitar uma comovente invocação a São José, que a própria Igreja nos propõe, entre as orações preparatórias da missa: José, varão bem-aventurado e feliz, a quem foi concedido ver e ouvir o Deus que muitos reis quiseram ver e ouvir, e não viram nem ouviram; e não apenas vê-lo e ouvi-lo, mas também segurá-lo nos braços, beijá-lo, vesti-lo e guardá-lo: rogai por nós. Esta oração nos servirá para entrarmos no último tema que hoje queria tocar: o convívio íntimo entre José e Jesus.

Para São José, a vida de Jesus foi uma contínua descoberta da sua própria vocação. Recordávamos atrás aqueles primeiros anos cheios de circunstâncias aparentemente contraditórias: glorificação e fuga, majestade dos Magos e pobreza do presépio, cântico dos Anjos e silêncio dos homens. Quando chega o momento de apresentar o Menino no Templo, José, que leva a modesta oferenda de um par de pombas, vê Simeão e Ana proclamarem que Jesus é o Messias. E seu pai e sua mãe escutavam com admiração , diz São Lucas. Mais tarde, quando o Menino fica no Templo sem que Maria e José o saibam, ao encontrá-lo novamente, depois de o procurarem por três dias, o mesmo evangelista diz que se maravilharam.

José surpreende-se, José admira-se. Deus vai-lhe revelando os seus desígnios e ele esforça-se por entendê-los. Como toda a alma que queira seguir Jesus de perto, descobre imediatamente que não é possível andar com passo cansado nem persistir na rotina. Deus não se conforma com a estabilidade no nível atingido, com o descanso naquilo que já se tem. Deus exige continuamente mais e mais, e seus caminhos não são os nossos caminhos humanos. Como nenhum outro homem antes ou depois dele, São José aprendeu de Jesus a permanecer atento às maravilhas de Deus, a ter a alma e o coração abertos.

Referências da Sagrada Escritura
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