86

Finalmente, poderia dizer-nos alguma coisa a nós que trabalhamos na imprensa universitária?

O jornalismo é uma grande coisa, como também o jornalismo universitário. Vocês podem contribuir muito para promover entre os seus companheiros o amor aos ideais nobres, o afã de superação do egoísmo pessoal, a sensibilidade ante os afazeres coletivos, a fraternidade. E agora, uma vez mais, não posso deixar de convidá-los a amar a verdade.

Não oculto que me repugna o sensacionalismo de alguns jornalistas que dizem a verdade a meias. Informar não é ficar a meio caminho entre a verdade e a mentira. Isso nem se pode chamar informação, nem é moral; nem se podem chamar jornalistas aqueles que misturam, com poucas meias verdades, bastantes erros e mesmo calúnias premeditadas: não se podem chamar jornalistas porque não são mais do que as engrenagens — mais ou menos lubrificadas — de qualquer organização propaladora de falsidades, que sabe que serão repetidas até a saciedade, sem má-fé, pela ignorância e estupidez de muitos. Tenho de confessar-lhes que, pelo que me toca, esses falsos jornalistas saem com vantagem, porque não há dia em que não reze carinhosamente por eles, pedindo ao Senhor que lhes esclareça as consciências.

Por isso, peço a vocês que difundam o amor ao bom jornalismo, que é aquele que não se contenta com os boatos inventados por imaginações febris. Informem com fatos, com resultados, sem julgar as intenções, mantendo a legítima diversidade de opiniões, num plano equânime, sem descer ao ataque pessoal. É difícil que haja verdadeira convivência onde falta verdadeira informação; e a informação verdadeira é aquela que não tem medo à verdade e que não se deixa levar por desejos de subir, de falso prestígio ou de vantagens econômicas.

Este ponto em outro idioma