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Há 4 pontos em "Amigos de Deus", cuja matéria seja Terço.

Nesta urdidura, neste atuar da fé cristã, engastam-se, como jóias, as orações vocais. São fórmulas divinas: Pai Nosso…, Ave-Maria…, Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, essa coroa de louvores a Deus e à nossa Mãe que é o Santo Rosário, e tantas outras aclamações, cheias de piedade, que os nossos irmãos cristãos recitaram desde o princípio.

Santo Agostinho, comentando um versículo do Salmo 85 - Senhor, tem piedade de mim, porque a ti clamei o dia inteiro, e não um dia só -, escreve: Por dia inteiro entende-se aqui o tempo todo, sem cessar . Um só homem chega até o fim dos séculos, pois são todos os membros de Cristo que clamam: alguns já descansam nEle, outros o evocam atualmente e outros hão de implorar-lhe quando nós tivermos morrido; e depois deles outros continuarão a suplicar. Não vos emociona a possibilidade de participar desta homenagem ao Criador, que se perpetua pelos séculos? Como é grande o homem, quando se reconhece criatura predileta de Deus e a Ele recorre, tota die - o dia todo -, em cada instante da sua peregrinação terrena!

Olhai: para a nossa Mãe Santa Maria, jamais deixamos de ser pequenos, porque Ela nos abre o caminho para o Reino dos Céus, que será dado aos que se fazem crianças. De Nossa Senhora não devemos separar-nos nunca. Como a honraremos? Procurando estar com Ela, falando-lhe, manifestando-lhe o nosso carinho, ponderando no coração as cenas da sua vida na terra, contando-lhe as nossas lutas, os nossos êxitos e os nossos fracassos.

Descobrimos assim - como se recitássemos pela primeira vez - o sentido das orações marianas, que sempre se rezaram na Igreja. Que são a Ave-Maria e o Angelus senão louvores ardentes à Maternidade divina? E no Santo Rosário - essa maravilhosa devoção que nunca me cansarei de aconselhar a todos os cristãos - passam pela nossa cabeça e pelo nosso coração os mistérios da conduta admirável de Maria, que são os próprios mistérios fundamentais da fé.

Quanto cresceriam em nós as virtudes sobrenaturais, se conseguíssemos alcançar uma intimidade verdadeira com Maria, que é nossa Mãe! Não nos importe repetir-lhe durante o dia - com o coração, sem necessidade de palavras - pequenas orações, jaculatórias. A devoção cristã reuniu muitos desses elogios ardentes nas Ladainhas que acompanham o Santo Rosário. Mas cada qual é livre de aumentá-las, dirigindo-lhe novos louvores, dizendo-lhe o que - por um santo pudor que Ela entende e aprova - não nos atreveríamos a pronunciar em voz alta.

Aconselho-te - para terminar - que faças, se ainda não o fizeste, a tua experiência particular do amor materno de Maria. Não basta saber que Ela é Mãe, considerá-la assim, falar assim dEla. É a tua Mãe e tu és seu filho. Ama-te como se fosses o seu único filho neste mundo. Trata-a em conseqüência: conta-lhe tudo o que te acontece, honra-a, quere-a. Ninguém o fará por ti, tão bem como tu, se tu não o fizeres.

Asseguro-te que, se empreenderes este caminho, encontrarás imediatamente todo o amor de Cristo. E ver-te-ás metido nessa vida inefável de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Obterás forças para cumprir acabadamente a Vontade de Deus, encher-te-ás de desejos de servir a todos os homens. Serás o cristão que às vezes sonhas ser: cheio de obras de caridade e de justiça, alegre e forte, compreensivo com os outros e exigente contigo mesmo.

Essa e não outra é a têmpera da nossa fé. Recorramos a Santa Maria, que Ela nos acompanhará com um andar firme e constante.

Como poderemos superar esses inconvenientes? Como conseguiremos fortalecer-nos naquela decisão, que começa a parecer-nos muito pesada? Inspirando-nos no modelo que nos mostra a Virgem Santíssima, nossa Mãe: uma rota muito ampla, que necessariamente passa por Jesus.

Para nos aproximarmos de Deus, temos de enveredar pelo caminho certo, que é a Humanidade Santíssima de Cristo. Por isso aconselho sempre a leitura de livros que narrem a Paixão do Senhor: são escritos cheios de sincera piedade, que nos trazem à mente o Filho de Deus, Homem como nós e Deus verdadeiro, que ama e que sofre na sua carne pela Redenção do mundo.

Consideremos a recitação do Santo Rosário, uma das devoções mais arraigadas entre os cristãos. A Igreja anima-nos a contemplar os mistérios: para que se grave na nossa cabeça e na nossa imaginação - com o gozo, a dor e a glória de Santa Maria - o exemplo assombroso do Senhor nos seus trinta anos de obscuridade, nos seus três anos de pregação, na sua paixão ignominiosa e na sua gloriosa Ressurreição.

Seguir Cristo: este é o segredo. Acompanhá-lo tão de perto que vivamos com Ele, como aqueles primeiros Doze; tão de perto, que com Ele nos identifiquemos. Não demoraremos a afirmar, desde que não tenhamos levantado obstáculos à graça, que nos revestimos de Nosso Senhor Jesus Cristo. O Senhor reflete-se na nossa conduta como num espelho. Se o espelho for como deve ser, reproduzirá o semblante amabilíssimo do nosso Salvador sem o desfigurar, sem caricaturas: e os outros terão a possibilidade de admirá-lo, de segui-lo.

Referências da Sagrada Escritura
Referências da Sagrada Escritura