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Há 5 pontos em "Amigos de Deus", cuja matéria seja Apostolado → Nossa Senhora, a Corredentora.

Mas retomemos o fio da parábola. E as néscias, que fazem? A partir desse momento, já se empenham em preparar-se para esperar o Esposo: vão comprar o azeite. Mas decidiram-se tarde e, enquanto iam, chegou o esposo;e as que estavam preparadas entraram com ele a celebrar as bodas, e fechou-se a porta. Mais tarde, vieram também as outras virgens, clamando: Senhor, Senhor, abre-nos! Não é que tivessem permanecido inativas, porque tentaram fazer alguma coisa… Mas ouvem a voz que lhes responde com dureza: Não vos conheço. Não souberam ou não quiseram preparar-se com a devida solicitude e esqueceram-se de tomar a razoável precaução de adquirir o azeite a tempo. Faltou-lhes generosidade para cumprir acabadamente o pouco que lhes fora pedido. Tinham tido muitas horas à sua disposição, mas desaproveitaram-nas.

Pensemos na nossa vida com valentia. Por que não conseguimos, às vezes, os minutos de que precisamos para terminar amorosamente o nosso trabalho, que é o meio da nossa santificação? Por que descuramos as obrigações familiares? Por que nos entra a precipitação à hora de rezar ou de assistir ao Santo Sacrifício da Missa? Por que nos faltam a serenidade e a calma para cumprirmos os deveres do nosso estado, e nos entretemos sem pressa nenhuma em ir atrás dos caprichos pessoais? Poderemos responder: são ninharias. Sim, é verdade; mas essas ninharias são o azeite, o nosso azeite, que mantém viva a chama e acesa a luz.

Para terminar este tempo de conversa com o Senhor, vamos pedir-lhe agora que nos conceda a graça de repetir, com São Paulo, que triunfamos pela virtude dAquele que nos amou. Razão pela qual estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as virtudes, nem o presente, nem o futuro, nem a força, nem o que há de mais alto ou de mais profundo, nem qualquer outra criatura poderá jamais separar-nos do amor de Deus, que está em Jesus Cristo, Nosso Senhor.

É deste amor que a Escritura canta também com palavras ardentes: As águas copiosas não puderam extinguir a caridade, nem os rios arrastá-la. Foi este amor que cumulou sempre o Coração de Santa Maria, até enriquecê-la com entranhas de Mãe para com a humanidade inteira. Na Virgem, o amor a Deus confunde-se também com a solicitude por todos os seus filhos. O seu Coração dulcíssimo, atento até aos menores detalhes - não têm vinho -, deve ter sofrido muito ao presenciar aquela crueldade coletiva, aquele encarniçamento que foi, da parte dos verdugos, a Paixão e Morte de Jesus. Mas Maria não fala. Como seu Filho, ama, cala e perdoa. Essa é a força do amor.

Gosto de voltar com a imaginação àqueles anos em que Jesus permaneceu junto de sua Mãe, e que abarcam quase toda a vida de Nosso Senhor neste mundo. Vê-lo pequeno, quando Maria cuida dEle e o beija e o entretém. Vê-lo crescer, diante dos olhos enamorados de sua Mãe e de José, seu pai na terra. Com quanta ternura e com quanta delicadeza Maria e o Santo Patriarca se ocupariam de Jesus durante a sua infância, e, em silêncio, aprenderiam muito e constantemente dEle! As suas almas ir-se-iam amoldando à alma daquele Filho, Homem e Deus. Por isso a Mãe - e, depois dEla, José - conhece como ninguém os sentimentos do Coração de Cristo, e os dois são o melhor caminho - eu afirmaria que o único - para chegar ao Salvador.

Que em cada um de vós, escrevia Santo Ambrósio, esteja a alma de Maria, para louvar o Senhor; que em cada um esteja o espírito de Maria, para se alegrar em Deus. E este Padre da Igreja acrescenta umas considerações que à primeira vista parecem atrevidas, mas que têm um sentido espiritual claro para a vida do cristão: Segundo a carne, uma só é a Mãe de Cristo; segundo a fé, Cristo é fruto de todos nós.

Se nos identificarmos com Maria, se imitarmos as suas virtudes, poderemos conseguir que Cristo nasça, pela graça, na alma de muitos que se identificarão com Ele pela ação do Espírito Santo. Se imitarmos Maria, participaremos de algum modo da sua maternidade espiritual. Em silêncio, como Nossa Senhora; sem que se note, quase sem palavras, com o testemunho íntegro e coerente de uma conduta cristã, com a generosidade de repetir sem cessar um fiat - faça-se - que se renova como algo de íntimo entre nós e Deus.

Mestra de caridade. Recordemo-nos da cena da apresentação de Jesus no templo. O ancião Simeão asseverou a Maria, sua Mãe: Eis que este Menino está posto para ruína e para ressurreição de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição. E uma espada trespassará a tua alma, a fim de se descobrirem os pensamentos escondidos de muitos corações. A imensa caridade de Maria pela humanidade faz com que também nEla se cumpra a afirmação de Cristo: Ninguém tem maior amor que aquele que dá a vida pelos seus amigos.

Com razão os Romanos Pontífices deram a Maria o título de Corredentora: De tal modo, juntamente com o seu Filho paciente e moribundo, padeceu e quase morreu; e de tal modo, pela salvação dos homens, abdicou dos seus direitos maternos sobre o Filho e o imolou, no que dEla dependia, para aplacar a justiça de Deus, que se pode com razão dizer que Ela redimiu o gênero humano juntamente com Cristo. Assim entendemos melhor aquele momento da Paixão do Senhor, que nunca nos cansaremos de meditar: Stabat autem iuxta crucem Iesu mater eius, sua Mãe estava junto à cruz de Jesus.

Teremos observado como algumas mães, dominadas por um legítimo orgulho, se apressam a colocar-se ao lado de seus filhos quando estes triunfam, quando recebem um reconhecimento público. Outras, contudo, mesmo nesses momentos, permanecem em segundo plano, amando em silêncio. Maria era assim, e Jesus o sabia.

Mas, no escândalo do sacrifício da Cruz, Santa Maria estava presente, escutando com tristeza os que passavam por ali e blasfemavam meneando a cabeça e gritando: Tu, que derrubas o templo de Deus, e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da Cruz. Nossa Senhora escutava as palavras do seu Filho, unindo-se à sua dor: Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste? Que podia Ela fazer? Fundir-se com o amor redentor do seu Filho, oferecer ao Pai a dor imensa - como uma espada afiada - que trespassava o seu Coração puro.

De novo Jesus se sente reconfortado com essa presença discreta e amorosa de sua Mãe. Maria não grita, não corre de um lado para o outro. Stabat, está de pé, junto do Filho. É então que Jesus a olha, dirigindo depois a vista para João. E exclama: Mulher, aí tens o teu filho.Depois disse ao discípulo: Aí tens a tua Mãe. Em João, Cristo confia à sua Mãe todos os homens e especialmente os seus discípulos: os que haviam de crer nEle.

Felix culpa, canta a Igreja, feliz culpa, porque conseguiu tal e tão grande Redentor. Feliz culpa, podemos nós acrescentar, porque nos mereceu recebermos por Mãe Santa Maria. Já estamos seguros, já nada nos deve preocupar. Porque Nossa Senhora, coroada Rainha dos céus e da terra, é a onipotência suplicante diante de Deus. Jesus não pode negar nada a Maria, e também a nós, que somos filhos da sua própria Mãe.