Lista de pontos

Há 5 pontos em "Amigos de Deus", cuja matéria seja Fortaleza → paciência, serenidade .

Quem sabe ser forte não se deixa dominar pela pressa em colher o fruto da sua virtude; é paciente. A fortaleza leva-o a saborear a virtude humana e divina da paciência. Mediante a vossa paciência, possuireis as vossas almas (Lc XXI, 19). A posse da alma é colocada na paciência porque, na verdade, ela é raiz e guardiã de todas as virtudes. Nós possuímos a alma pela paciência, porque, aprendendo a dominar-nos a nós mesmos, começamos a possuir aquilo que somos. E é esta paciência a que nos leva também a ser compreensivos com os outros, persuadidos de que as almas, como o bom vinho, melhoram com o tempo.

Fortes e pacientes: serenos. Mas não com a serenidade daquele que compra a sua tranqüilidade à custa de se desinteressar dos seus irmãos ou da grande tarefa - que a todos cumpre - de difundir sem medida o bem por todo o mundo. Serenos, porque sempre há perdão, porque tudo tem remédio, menos a morte, e, para os filhos de Deus, a morte é vida. Serenos, até mesmo para podermos atuar com inteligência: quem conserva a calma está em condições de pensar, de estudar os prós e os contras, de examinar judiciosamente os resultados das ações previstas. E depois, sossegadamente, pode intervir com decisão.

Não é prudente quem nunca se engana, mas quem sabe retificar os seus erros. Esse é prudente porque prefere não acertar vinte vezes a deixar-se levar por um cômodo abstencionismo. Não atua com tresloucada precipitação ou com absurda temeridade, mas assume o risco das suas decisões e não renuncia a conseguir o bem por medo de não acertar. Na nossa vida, encontramos colegas ponderados, que são objetivos, que não se deixam apaixonar, inclinando a balança para o lado que mais lhes convém. Dessas pessoas, quase instintivamente, nós nos fiamos, porque procedem sempre bem, com retidão, sem presunção e sem espalhafato.

Esta virtude cordial é indispensável ao cristão. Mas as últimas metas da prudência não são a concórdia social ou a tranqüilidade de não provocar fricções. O motivo fundamental é o cumprimento da Vontade de Deus, que nos quer simples, mas não pueris; amigos da verdade, mas nunca estouvados ou superficiais. O coração prudente possuirá a ciência. E essa ciência é a do amor de Deus, o saber definitivo, aquele que nos pode salvar, oferecendo a todas as criaturas frutos de paz e de compreensão e, a cada alma, a vida eterna.

Ao ler a Epístola de hoje, via eu Daniel metido entre aqueles leões famintos, e, sem pessimismo - não posso dizer que qualquer tempo passado foi melhor, porque todos os tempos têm sido bons e maus -, considerava que também nos momentos atuais andam muitos leões à solta, e nós temos que viver nesse ambiente. Leões que buscam a quem devorar: tamquam leo rugiens circuit quaerens quem devoret.

Como evitaremos essas feras? Talvez não ocorra conosco o que ocorreu com Daniel. Eu não sou milagreiro, mas amo essa grandiosidade de Deus e penso que lhe teria sido mais fácil aplacar a fome do profeta ou então pôr-lhe alguma comida na frente; e não o fez. Dispôs que outro profeta, Habacuc, se deslocasse milagrosamente da Judéia para levar-lhe a comida. Não se importou de fazer um milagre grande, porque Daniel não se achava naquele poço porque sim, mas por uma injustiça dos sequazes do demônio, por ser servidor de Deus e destruidor de ídolos.

Nós, sem portentos espetaculares, com a normalidade de uma vida cristã corrente, com uma semeadura de paz e de alegria, temos que destruir também muitos ídolos: o da incompreensão, o da injustiça, o da ignorância, o da pretensa suficiência humana que vira com arrogância as costas a Deus.

Não vos assusteis, não temais nenhum mal, ainda que as circunstâncias em que trabalhais sejam terríveis, piores que as de Daniel no fosso, com aqueles animais vorazes. As mãos de Deus são igualmente poderosas e, se for necessário, farão maravilhas. Fiéis!, com uma fidelidade amorosa, consciente e alegre, à doutrina de Cristo, persuadidos de que os anos de agora não são piores que os de outros séculos e de que o Senhor é o mesmo de sempre.

Conheci um sacerdote ancião que afirmava - sorridente - de si mesmo: Eu estou sempre tranqüilo, tranqüilo. E assim temos nós que estar sempre, metidos no mundo, rodeados de leões famintos, mas sem perder a paz: tranqüilos. Com amor, com fé, com esperança, sem esquecer nunca que, se for conveniente, o Senhor multiplicará os milagres.

Mestra de esperança. Maria proclama que a chamarão bem-aventurada todas as gerações. Falando humanamente, em que motivos se apoiava essa esperança? Quem era Ela para os homens e mulheres da época? As grandes heroínas do Velho Testamento - Judit, Ester, Débora - tinham conseguido já na terra uma glória humana, haviam sido aclamadas e enaltecidas pelo povo. O trono de Maria, como o de seu Filho, é a Cruz. E durante o resto da sua existência, até que subiu em corpo e alma aos Céus, o que nos impressiona é a sua calada presença. São Lucas, que a conhecia bem, anota que Maria está junto dos primeiros discípulos, em oração. Assim termina os seus dias terrenos Aquela que haveria de ser louvada pelas criaturas até a eternidade.

Como contrasta a esperança de Nossa Senhora com a nossa impaciência! Com freqüência reclamamos de Deus que nos pague imediatamente o pouco bem que praticamos. Mal aflora a primeira dificuldade, queixamo-nos. Somos muitas vezes incapazes de perseverar no esforço, de manter a esperança. Porque nos falta fé. Bem-aventurada tu, que creste, porque se cumprirão as coisas que te foram ditas da parte do Senhor.

Referências da Sagrada Escritura
Referências da Sagrada Escritura