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Há 4 pontos em "Amigos de Deus", cuja matéria seja Alegria.

Se o cristão luta por adquirir estas virtudes, a sua alma dispõe-se a receber com eficácia a graça do Espírito Santo. E as boas qualidades humanas ficam reforçadas com as moções que o Paráclito introduz na alma. E a Terceira Pessoa da Trindade Beatíssima - doce hóspede da alma - oferece os seus dons: dom de sabedoria, de entendimento, de conselho, de fortaleza, de ciência, de piedade, de temor de Deus.

Nota-se então o gozo e a paz, a paz gozosa, o júbilo interior junto com a virtude humana da alegria. Quando pensamos que tudo se afunda sob os nossos olhos, nada se afunda, porque Tu és, Senhor, a minha fortaleza. Se Deus mora na nossa alma, tudo o mais, por muito importante que pareça, é acidental, transitório. Em contrapartida, nós, em Deus, somos o permanente.

Mediante o dom da piedade, o Espírito Santo ajuda-nos a considerar-nos com toda a certeza filhos de Deus. E por que é que os filhos de Deus hão de estar tristes? A tristeza é a escória do egoísmo. Se queremos viver para o Senhor, não nos faltará a alegria, mesmo que descubramos os nossos erros e as nossas misérias. A alegria penetra na vida de oração, e de tal maneira que a certa altura não há outro jeito senão romper a cantar: porque amamos, e cantar é coisa de enamorados.

Se vivermos assim, realizaremos no mundo uma tarefa de paz. Saberemos tornar amável aos outros o serviço do Senhor, porque Deus ama quem dá com alegria. O cristão é uma pessoa igual às outras na sociedade; mas do seu coração transbordará o júbilo de quem se propõe cumprir, com a ajuda constante da graça, a Vontade do Pai. E não se sente vítima, nem inferiorizado, nem coagido. Caminha de cabeça erguida, porque é homem e é filho de Deus.

A nossa fé dá todo o seu relevo a estas virtudes que pessoa alguma deveria deixar de cultivar. Ninguém pode vencer o cristão em humanidade. Por isso, quem segue Cristo é capaz - não por mérito próprio, mas pela graça do Senhor - de comunicar aos que o rodeiam aquilo que às vezes pressentem, mas não conseguem compreender: que a verdadeira felicidade, o autêntico serviço ao próximo passa necessariamente pelo Coração do nosso Redentor, perfectus Deus, perfectus homo, perfeito Deus, perfeito homem.

Recorramos a Maria, nossa Mãe, a criatura mais excelsa que saiu das mãos de Deus. Peçamos-lhe que nos faça homens de bem e que essas virtudes humanas, engastadas na vida da graça, se convertam na melhor ajuda para aqueles que conosco trabalham no mundo pela paz e pela felicidade de todos.

Endeusamento bom: Esperem em ti - canta o Ofertório - todos os que conhecem o teu nome, Senhor, porque nunca abandonas os que te procuram. E vem o regozijo deste barro cheio de grampos, porque Ele não se esqueceu das orações dos pobres, dos humildes.

Não concedamos o menor crédito aos que apresentam a virtude da humildade como apoucamento humano ou como uma condenação perpétua à tristeza. Sentir-se barro, recomposto com grampos, é fonte contínua de alegria; significa reconhecer-se pouca coisa diante de Deus: criança, filho. E há maior alegria que a de quem, sabendo-se pobre e fraco, se sabe também filho de Deus? Por que é que nós, os homens, nos entristecemos? Porque a vida na terra não se desenvolve como nós pessoalmente esperávamos, porque surgem obstáculos que impedem ou dificultam que levemos a cabo o que pretendemos.

Nada disto acontece quando a alma vive a realidade sobrenatural da sua filiação divina. Se Deus está por nós, quem contra nós? Que estejam tristes os que se empenham em não reconhecer-se filhos de Deus, venho repetindo desde sempre.

Para terminar, descobrimos na liturgia de hoje duas orações que hão de sair como setas da nossa boca e do nosso coração: Concedei-nos, Senhor Todo-Poderoso, que, realizando sempre os divinos mistérios, mereçamos abeirar-nos dos dons celestiais. E: Nós vos rogamos, Senhor, que nos concedais servir-vos constantemente segundo a vossa vontade. Servir, servir, meus filhos; isto é o que nos toca; ser criados de todos, para que nos nossos dias o povo fiel aumente em mérito e número.

Aqui, na presença de Deus que nos preside do Sacrário - como fortalece esta proximidade real de Jesus! -, vamos meditar hoje sobre esse suave dom de Deus, a esperança, que nos cumula a alma de alegria, spe gaudentes, cheios de júbilo, porque - se formos fiéis - espera-nos o Amor infinito.

Não esqueçamos nunca que, para quem quer que seja - para cada um de nós, portanto -, só há dois modos de estar na terra: ou se vive vida divina, lutando por agradar a Deus; ou se vive vida animal, mais ou menos humanamente ilustrada, quando se prescinde dEle. Nunca concedi grande peso a esses santões que fazem alarde de não terem fé: amo-os de verdade, como a todos os homens, meus irmãos; admiro-lhes a boa vontade, que sob determinados aspectos pode mostrar-se heróica; mas sinto pena deles, porque têm a enorme desgraça de lhes faltar a luz e o calor de Deus, e a alegria inefável da esperança teologal.

Um cristão sincero, coerente com a sua fé, não atua senão com os olhos postos em Deus, com sentido sobrenatural; trabalha neste mundo, que ama apaixonadamente, metido nas preocupações da terra, mas com o olhar fito no Céu. É São Paulo que no-lo confirma: Quae sursum sunt quaerite; buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Saboreai as coisas lá de cima, e não as da terra. Porque estais mortos - para o que é mundano, pelo Batismo -, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.

Referências da Sagrada Escritura
Referências da Sagrada Escritura