Lista de pontos

Há 3 pontos em "Amigos de Deus", cuja matéria seja Fidelidade.

Havia um pai de família, que plantou uma vinha, e a cercou com uma sebe, e cavou nela um lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se para uma região longínqua.

Gostaria de que meditássemos nos ensinamentos desta parábola, do ponto de vista que nos interessa agora. A tradição viu neste relato uma imagem do destino do povo eleito por Deus; e ensinou-nos sobretudo de que modo, a tanto amor por parte do Senhor, nós, os homens, correspondemos com a infidelidade, com a falta de gratidão.

Pretendo concretamente deter-me nesse ausentou-se para uma região longínqua. E chego logo à conclusão de que nós, os cristãos, não devemos abandonar esta vinha em que o Senhor nos colocou. Temos de empregar as nossas forças nesta tarefa, dentro da cerca, trabalhando no lagar e descansando na torre, uma vez concluída a faina diária. Se nos deixássemos arrastar pelo comodismo, seria o mesmo que responder a Cristo: Olha que os meus anos são para mim, não para ti. Não quero decidir-me a tratar da tua vinha.

O Senhor ofereceu-nos a vida, os sentidos, as potências, graças sem conta. E não temos o direito de esquecer que somos um operário, entre tantos, nesta fazenda em que Ele nos colocou, para colaborar na tarefa de levar alimento aos outros. Este é o nosso lugar: dentro destes limites. Aqui temos nós de nos gastar diariamente com Ele, ajudando-o no seu trabalho redentor.

Deixai-me que insista: O teu tempo para ti? O teu tempo para Deus! Pode ser que, pela misericórdia do Senhor, esse egoísmo não tenha entrado de momento na tua alma. Mas digo-te isto desde já, para que estejas prevenido se alguma vez sentes que o teu coração vacila na fé de Cristo. Para então, peço-te - pede-te Deus - que sejas fiel no teu empenho, que domines a soberba, que submetas a imaginação, que não caias na leviandade de ir para longe, que não desertes.

Sobrava todo o dia, àqueles jornaleiros que estavam no meio da praça; queria matar as horas, o servo que escondeu o seu talento na terra; vai para outro lado, aquele que devia ocupar-se da vinha. Todos demonstram a mesma insensibilidade perante a grande tarefa que a cada um dos cristãos foi encomendada pelo Mestre: a de nos considerarmos e nos comportarmos como instrumentos seus, para corredimir com Ele; e a de consumirmos a vida inteira no alegre sacrifício de nos darmos pelo bem das almas.

Costumo afirmar que são três os pontos que nos enchem de contentamento na terra e nos alcançam a felicidade eterna do Céu: uma fidelidade firme, delicada, alegre e indiscutida à fé, à vocação que cada um recebeu e à pureza. Quem ficar agarrado às sarças do caminho - a sensualidade, a soberba… - ficará por vontade própria e, se não retifica, será um infeliz por ter dado as costas ao Amor de Cristo.

Volto a afirmar que todos temos misérias. Mas as nossas misérias não nos deverão levar nunca a esquivar-nos do Amor de Deus, mas a acolher-nos a esse Amor, a meter-nos dentro dessa bondade divina, como os antigos guerreiros se metiam dentro da sua armadura: aquele Ecce ego, quia vocasti me - conta comigo, porque me chamaste - é a nossa defesa. Não devemos afastar-nos de Deus por termos descoberto as nossas fragilidades; temos de atacar as misérias, precisamente porque Deus confia em nós.

Referências da Sagrada Escritura
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