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Há 2 pontos em "Amigos de Deus", cuja matéria seja Fidelidade → justiça com Deus.

Lede com atenção a cena evangélica, para aproveitar essas admiráveis lições das virtudes que devem iluminar o nosso modo de agir.

Terminado o preâmbulo hipócrita e adulador, os fariseus e herodianos apresentam o seu problema: Diz-nos, pois, o teu parecer: É lícito dar o tributo a César ou não? Escreve São João Crisóstomo: Notai agora a astúcia desses homens. Não lhe dizem: Explica-nos o que é que é bom, conveniente, lícito, mas dize-nos a tua opinião. Estavam com a obsessão de atraiçoá-lo e torná-lo odioso ao poder político. Porém, Jesus, conhecendo-lhes a malícia, disse: Por que me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles apresentaram-lhe um denário. E Jesus disse-lhes: De quem é esta imagem e inscrição? Eles responderam: De César. Então disse-lhes: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.

Bem vedes que o dilema é antigo, como clara e inequívoca é a resposta do Mestre. Não há - não pode haver - uma contraposição entre o serviço a Deus e o serviço aos homens; entre o exercício dos deveres e direitos cívicos, e os religiosos; entre o empenho por construir e melhorar a cidade temporal e a convicção de que este mundo por onde passamos é caminho que nos conduz à pátria celeste.

Também aqui se manifesta essa unidade de vida que - não me cansarei de repeti-lo - é uma condição essencial para os que procuram santificar-se no meio das circunstâncias habituais do seu trabalho, das suas relações familiares e sociais. Jesus não admite essa divisão. Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou terá aversão a um e amor ao outro, ou, se se submete ao primeiro, olhará com desdém o segundo. A opção exclusiva que um cristão faz por Deus, quando aceita com plenitude a sua chamada, impele-o a dirigir tudo para o Senhor e, ao mesmo tempo, a dar também ao próximo tudo o que em justiça lhe cabe.

Gravemo-lo bem na nossa alma, para que se note na conduta: primeiro, justiça para com Deus. Esta é a pedra de toque da verdadeira fome e sede de justiça, que a distingue da gritaria dos invejosos, dos ressentidos, dos egoístas e cobiçosos… Porque a mais terrível e ingrata das injustiças é a de quem nega ao nosso Criador e Redentor o reconhecimento dos bens abundantes e inefáveis que Ele nos concede. Vós, se de verdade vos esforçais por ser justos, tereis de considerar freqüentemente a vossa dependência de Deus - porque, que tens tu que não hajas recebido? -, para vos encherdes de agradecimento e de desejos de corresponder a um Pai que nos ama até a loucura.

Então avivar-se-á em vós o espírito bom de piedade filial, que vos fará tratar a Deus com ternura de coração. Não vos deixeis enganar quando os hipócritas levantarem em torno de vós a dúvida sobre o direito que Deus tem de vos pedir tanto. Pelo contrário, colocai-vos na presença do Senhor sem condições, dóceis, como o barro nas mãos do oleiro, e confessai-lhe rendidamente: Deus meus et omnia!, Tu és o meu Deus e o meu tudo. E se alguma vez chega o golpe inesperado, a tribulação imerecida por parte dos homens, sabereis cantar com alegria nova: Faça-se, cumpra-se, seja louvada e eternamente e glorificada a justíssima e amabilíssima Vontade de Deus sobre todas as coisas. Amém. Amém.