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Há 3 pontos em "Amigos de Deus", cuja matéria seja Responsabilidade.

O reino dos céus é semelhante a um pai de família que, ao romper da manhã, saiu a contratar operários para a sua vinha. Conhecemos já a narrativa; aquele homem volta à praça em diferentes ocasiões para contratar trabalhadores; uns são chamados ao romper da aurora, outros muito perto da noite.

Todos recebem um denário: o salário que te havia prometido, isto é, a minha imagem e semelhança. No denário está gravada a imagem do Rei. Esta é a misericórdia de Deus, que chama cada um de acordo com as suas circunstâncias pessoais, porque quer que todos os homens se salvem. Mas nós nascemos cristãos, fomos educados na fé, fomos escolhidos claramente pelo Senhor. Esta é a realidade. Então, quando nos sentimos chamados a corresponder, mesmo que seja à última hora, será que podemos continuar na praça pública tomando sol, como muitos daqueles operários, porque lhes sobrava tempo?

Não nos deve sobrar tempo; nem um segundo. E não exagero. Trabalho há. O mundo é grande e são milhões as almas que ainda não escutaram claramente a doutrina de Cristo. Dirijo-me a cada um de vós. Se te sobra tempo, reconsidera um pouco: é muito possível que vivas mergulhado na tibieza, ou que, sobrenaturalmente, sejas um paralítico. Não te mexes, estás parado, estéril, sem realizar todo o bem que deverias comunicar aos que se encontram ao teu lado, no teu ambiente, no teu trabalho, na tua família.

Se meditarmos com sentido espiritual no texto de São Paulo que citei no começo, compreenderemos que não temos outro jeito senão trabalhar a serviço de todas as almas. O contrário seria egoísmo. Um olhar humilde sobre a nossa vida nos faz perceber claramente que o Senhor, além da graça da fé, nos concedeu talentos e qualidades. Nenhum de nós é um exemplar repetido: o nosso Pai criou-nos um a um, distribuindo entre os seus filhos um número diverso de bens. Temos que pôr esses talentos, essas qualidades, a serviço de todos; temos que utilizar esses dons de Deus como instrumentos para ajudar os homens a descobrir Cristo.

Não consideremos este anseio como algo acrescentado, como se se tratasse de orlar com filigrana a nossa condição de cristãos. Se a levedura não fermenta, apodrece. Pode desaparecer reavivando a massa; mas pode também desaparecer por se perder, num monumento à ineficácia e ao egoísmo. Não prestamos um favor a Deus Nosso Senhor quando o damos a conhecer aos outros: Se anuncio o Evangelho, não tenho de que me gloriar, pois é uma necessidade que me é imposta, a mandado de Jesus Cristo, e ai de mim se não evangelizar!

Tenho pregado constantemente sobre esta capacidade sobrenatural e humana que Deus, nosso Pai, põe nas mãos de seus filhos: a de participar da Redenção operada por Cristo. E enche-me de alegria encontrar esta mesma doutrina nos textos dos Padres da Igreja. São Gregório Magno explica: Os cristãos expulsam as serpentes quando arrancam o mal do coração dos outros com a sua exortação ao bem . Impõem as mãos sobre os enfermos, para curá-los, quando vêem que o próximo se enfraquece na prática do bem e lhe oferecem ajuda de mil maneiras, robustecendo-o com a força do exemplo. Estes milagres são tanto maiores quanto é certo que se passam no campo espiritual, dando vida, não aos corpos, mas às almas. Também vós, se não vos desleixardes, podereis operar estes prodígios com a ajuda de Deus.

Deus quer que todos se salvem, e isso é um convite e uma responsabilidade que pesam sobre cada um de nós. A Igreja não é um reduto para privilegiados. A grande Igreja será porventura uma exígua parte da terra? A grande Igreja é o mundo inteiro. Assim escrevia Santo Agostinho, acrescentando: Para onde quer que te dirijas, aí está Cristo. Tens por herança os confins da terra. Vem! Toma comigo posse dela toda. Certamente nos lembramos de como estavam as redes: carregadas a ponto de transbordar. Não cabiam mais peixes. Deus espera ardentemente que se encha a sua casa. É Pai, e gosta de viver com todos os filhos ao seu redor.

Referências da Sagrada Escritura
Referências da Sagrada Escritura
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