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As virtudes humanas exigem de nós um esforço prolongado, porque não é fácil manter por muito tempo uma têmpera de honradez perante as situações que parecem comprometer a nossa segurança. Pensemos na límpida face da veracidade: será que caiu em desuso? Terá triunfado definitivamente a conduta do compromisso, o dourar a pílula e o vender o peixe? Teme-se a verdade. Por isso se lança mão de um expediente mesquinho: afirmar que ninguém vive e diz a verdade, e que todos recorrem à simulação e à mentira.

Felizmente, não é assim. Existem muitas pessoas - cristãs e não cristãs - decididas a sacrificar a sua honra e a sua fama pela verdade, e que não se agitam num saltitar contínuo à busca do sol que mais aquece. São aquelas que, por amarem a sinceridade, sabem retificar quando descobrem que se enganaram. Não retifica quem começa por mentir, quem reduz a verdade a uma palavra sonora para encobrir as suas claudicações.

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