Lista de pontos

Há 3 pontos em "Amigos de Deus", cuja matéria seja Caridade → Nossa Senhora, Mestra de Caridade.

Para terminar este tempo de conversa com o Senhor, vamos pedir-lhe agora que nos conceda a graça de repetir, com São Paulo, que triunfamos pela virtude dAquele que nos amou. Razão pela qual estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as virtudes, nem o presente, nem o futuro, nem a força, nem o que há de mais alto ou de mais profundo, nem qualquer outra criatura poderá jamais separar-nos do amor de Deus, que está em Jesus Cristo, Nosso Senhor.

É deste amor que a Escritura canta também com palavras ardentes: As águas copiosas não puderam extinguir a caridade, nem os rios arrastá-la. Foi este amor que cumulou sempre o Coração de Santa Maria, até enriquecê-la com entranhas de Mãe para com a humanidade inteira. Na Virgem, o amor a Deus confunde-se também com a solicitude por todos os seus filhos. O seu Coração dulcíssimo, atento até aos menores detalhes - não têm vinho -, deve ter sofrido muito ao presenciar aquela crueldade coletiva, aquele encarniçamento que foi, da parte dos verdugos, a Paixão e Morte de Jesus. Mas Maria não fala. Como seu Filho, ama, cala e perdoa. Essa é a força do amor.

Mestra de caridade. Recordemo-nos da cena da apresentação de Jesus no templo. O ancião Simeão asseverou a Maria, sua Mãe: Eis que este Menino está posto para ruína e para ressurreição de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição. E uma espada trespassará a tua alma, a fim de se descobrirem os pensamentos escondidos de muitos corações. A imensa caridade de Maria pela humanidade faz com que também nEla se cumpra a afirmação de Cristo: Ninguém tem maior amor que aquele que dá a vida pelos seus amigos.

Com razão os Romanos Pontífices deram a Maria o título de Corredentora: De tal modo, juntamente com o seu Filho paciente e moribundo, padeceu e quase morreu; e de tal modo, pela salvação dos homens, abdicou dos seus direitos maternos sobre o Filho e o imolou, no que dEla dependia, para aplacar a justiça de Deus, que se pode com razão dizer que Ela redimiu o gênero humano juntamente com Cristo. Assim entendemos melhor aquele momento da Paixão do Senhor, que nunca nos cansaremos de meditar: Stabat autem iuxta crucem Iesu mater eius, sua Mãe estava junto à cruz de Jesus.

Teremos observado como algumas mães, dominadas por um legítimo orgulho, se apressam a colocar-se ao lado de seus filhos quando estes triunfam, quando recebem um reconhecimento público. Outras, contudo, mesmo nesses momentos, permanecem em segundo plano, amando em silêncio. Maria era assim, e Jesus o sabia.

Mas, no escândalo do sacrifício da Cruz, Santa Maria estava presente, escutando com tristeza os que passavam por ali e blasfemavam meneando a cabeça e gritando: Tu, que derrubas o templo de Deus, e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da Cruz. Nossa Senhora escutava as palavras do seu Filho, unindo-se à sua dor: Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste? Que podia Ela fazer? Fundir-se com o amor redentor do seu Filho, oferecer ao Pai a dor imensa - como uma espada afiada - que trespassava o seu Coração puro.

De novo Jesus se sente reconfortado com essa presença discreta e amorosa de sua Mãe. Maria não grita, não corre de um lado para o outro. Stabat, está de pé, junto do Filho. É então que Jesus a olha, dirigindo depois a vista para João. E exclama: Mulher, aí tens o teu filho.Depois disse ao discípulo: Aí tens a tua Mãe. Em João, Cristo confia à sua Mãe todos os homens e especialmente os seus discípulos: os que haviam de crer nEle.

Felix culpa, canta a Igreja, feliz culpa, porque conseguiu tal e tão grande Redentor. Feliz culpa, podemos nós acrescentar, porque nos mereceu recebermos por Mãe Santa Maria. Já estamos seguros, já nada nos deve preocupar. Porque Nossa Senhora, coroada Rainha dos céus e da terra, é a onipotência suplicante diante de Deus. Jesus não pode negar nada a Maria, e também a nós, que somos filhos da sua própria Mãe.