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Há 3 pontos em "Amigos de Deus", cuja matéria seja Filiação divina .

Por motivos que não vêm ao caso - mas que Jesus, que nos preside do Sacrário, conhece muito bem -, a minha vida me levou a saber-me especialmente filho de Deus, e saboreei a alegria de meter-me no coração de meu Pai, para me purificar, para o servir, para compreender e desculpar a todos, à base do seu amor e da minha humilhação.

Por isso desejo agora insistir na necessidade de que vós e eu nos refaçamos e despertemos desse sono de fraqueza que tão facilmente nos amodorra, e voltemos a perceber de uma maneira mais profunda e ao mesmo tempo mais imediata a nossa condição de filhos de Deus.

O exemplo de Jesus, toda a peregrinação de Cristo por aquelas terras do Oriente, nos ajuda a imbuir-nos dessa verdade. Se nós admitimos o testemunho dos homens - lemos na Epístola -, o testemunho de Deus é maior. E em que consiste o testemunho de Deus? É São João quem nos fala de novo: Considerai que amor nos mostrou o Pai em querer que fôssemos chamados filhos de Deus e que o sejamos na realidade . Caríssimos, nós agora somos filhos de Deus.

Ao longo dos anos, procurei apoiar-me sem desmaios nessa gozosa realidade. A minha oração, em face de quaisquer circunstâncias, tem sido a mesma, em tons diferentes. Tenho-lhe dito: “Senhor, Tu me colocaste aqui, Tu me confiaste isto ou aquilo, e eu confio em ti. Sei que és meu Pai, e sempre vi que as crianças confiam absolutamente em seus pais”. A minha experiência sacerdotal confirmou-me que este abandono nas mãos de Deus impele as almas a adquirir uma piedade forte, profunda e serena, que incita a trabalhar constantemente com intenção reta.

Quasi modo geniti infantes… Tem-me dado alegria difundir por toda a parte esta mentalidade de filhos pequenos de Deus, que nos fará saborear essas outras palavras que também se incluem na liturgia da Missa: Todo aquele que nasceu de Deus vence o mundo, transpõe as dificuldades, consegue a vitória, nesta grande batalha pela paz das almas e da sociedade.

A nossa sabedoria e a nossa força residem precisamente em termos a convicção da nossa pequenez, do nosso nada aos olhos de Deus. Mas é Ele quem, ao mesmo tempo, nos estimula a trabalhar com uma segura confiança e a anunciar Jesus Cristo, seu Filho Unigênito, apesar dos nossos erros e das nossas misérias pessoais, sempre que, a par da fraqueza, não falte a luta por vencê-la.

Ter-me-eis ouvido repetir com freqüência aquele conselho da Escritura Santa: Discite benefacere, aprendei a fazer o bem, porque não há dúvida de que devemos aprender e ensinar a fazer o bem. Temos de começar por nós mesmos, empenhando-nos em descobrir qual é o bem que devemos ambicionar para cada um de nós, para cada um dos nossos amigos, para cada um dos homens. Não conheço caminho melhor do que esse para considerarmos a grandeza de Deus, partindo da perspectiva inefável e singela de que Ele é nosso Pai e nós somos seus filhos.

Não vos comove que o Apóstolo João, já na velhice, empregue a maior parte de uma das suas epístolas em exortar-nos a manter uma conduta de acordo com essa doutrina divina? O amor que deve existir entre os cristãos nasce de Deus, que é Amor. Caríssimos, amemo-nos uns aosoutros, porque a caridadeprocede de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é Amor. Detém-se na caridade fraterna, pois por Cristo fomos convertidos em filhos de Deus. Considerai que amor nos manifestou o Pai em querer que fôssemos chamados filhos de Deus e que o sejamos na realidade.

E, enquanto fere energicamente as nossas consciências, para que se tornem mais sensíveis à graça divina, insiste em que recebemos uma prova maravilhosa do amor do Pai pelos homens: Nisto se manifestou a caridade de Deus para conosco: em que Deus enviou o seu Filho unigênito ao mundo, para que por Ele tenhamos a vida. O Senhor tomou a iniciativa, vindo ao nosso encontro. Deu-nos esse exemplo para que acorramos junto com Ele a servir os outros, para que - gosto de repeti-lo - ponhamos generosamente o nosso coração no chão, de modo que os outros pisem macio e se torne mais amável a sua luta. Devemos comportar-nos assim porque fomos feitos filhos do mesmo Pai, desse Pai que não duvidou em entregar-nos o seu Filho muito amado.

Referências da Sagrada Escritura
Referências da Sagrada Escritura